Factor C

Cheguei a minha vida real, com o meu corpo e a mente lá... A vaguear entre soluções e decisões!

Existe coisas que jamais vou compreender, a falta de profissionalismo de miúdos que tiram o curso e têm a sorte de ter um lugar no país deles e felizmente até num óptimo hospital, mas não descem do poleiro e da falta de humildade.... Eu JURO se eu tivesse seguido o ramo de apoiar, ajudar e socorrer pessoas em estado grave, tinha que garantir que daria o melhor de mim, e o melhor de mim cabia em sentir felicidade nos olhos de quem cuidava, isto é arte!

Entre o saí e entra daquela sala cheia de máquinas, sinto o cheiro a tristeza, sinto olhos esperançados, acho que no fundo todos sabemos que a chegada naquela sala é uma chegada santa, a que ainda temos VIDA! Por isso quem trabalha naquele bloco hospitalar no mínimo deviam estar felizes, transmitir paz, alegria, ondas positivas, falas tranquilas e mimosas, não senti nada disto, para ser sincera, senti tudo ao contrário, senti sim, familiares a transmitirem isso aos que estavam lá deitados, a lutarem unicamente!

Fiquei revoltada quando aquela enfermeira diz me " Tentamos que eles sejam o máximo independentes!"

Voltando um pouco atrás, a minha tia teve um AVC agudo, no espaço de 4 meses, este é infelizmente  o segundo.

Uma mulher com quase 60 anos, deficiente motora, as pernas dela sempre foram duas muletas, sem apoio inferior, pois teve um problema em infância que não lhe permitiu ter  as suas pernas para andar, há pouco tempo tinha caído e partido a perna direita, apoiando se a 100% ao seu lado esquerdo...
Mas mesmo assim, sempre foi lutadora até ao dia que estagnou... mas aprendeu a viver na maneira dela... E se é feliz? Não sei mas vive no espaço dela e isso é importante pelo menos no mundo dela!

Infelizmente desta vez, o AVC atacou lhe todo o lado esquerdo, isto é, o lado melhor do corpo dela esta neste momento adormecido! 
Agora expliquei me como uma enfermeira dá lhe um yogurte para comer e ainda se acha com o direito de responder super arrogante como tivesse razão?

Nós que somos normais, e eu falo por mim, nem a imaginar consigo comer um yogurte com uma mão, abri lo e comer com a colher, só se o pousar nas minhas maminhas, quanto mais a minha tia, neste momento que ela se encontra, óbvio que me passei, mas estamos a falar de um ser humano ou de umas calças com defeito?!

Sinceramente mas que serviço hospitalar temos nós em Portugal?

Para tudo é necessário dinheiro?

Para tudo é necessário o factor C?

Continua igual, hoje cedo depois de alguém ligar para pedir informações acerca da minha tia, a doutora diz, que precisa de falar com os familiares, que ela não esta nada bem, mas que para a semana terá alta, porque precisam da cama!!

Fiquei incrédula, arrepiada, com medo, com todos os sentimentos de revolta que todos possam imaginar...
O que vai ser da minha tia, que mora no 1º andar sem elevador, a viver com a minha avó com quase 90 anos?

Não peço explicações, peço ajudas ...

Peço respostas, nas imensas perguntas que saltam e mantêm se na minha cabeça, só quero uma solução...

Sou consciente em saber que este tipo de doença deixa varias mazelas. 
As pessoas normais que andam e conseguem fazer sozinhas a sua própria fisioterapia, sentem dificuldade em recuperar quanto mais a  minha tia, que não anda? A fisioterapia dela esta na sua cabeça ....


Amanhã vou de novo lá, gosto de estar ao pé dela, principalmente nas horas das refeições, sinto me mais segura, e ao menos naqueles minutos sei que ela come bem  e esta bem...

Obrigada


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